Os nossos rios deságuam em diversas sensações
Numa profundidade misticamente rítmica.

Não fazemos apologia a nossa maternidade
Nascemos mudos, mas cheios de vontades
Nascemos gritando as nossas enfermidades
Nascemos urgentes de ventre imaculado
Nossa Musa é bendita no pecado.

A nossa dor é aventureira
E deságua em águas virgens
Mas não esquece do berço
Que consagra a nossa origem.

Somos frutos inerentes
Numa mesa repleta de gostos
Não selecionamos nossos risos
Nem apontamos nossos rostos
Não abençoamos os aflitos
Nem alimentamos os bondosos.

Somos apenas mais um vírus
Proliferando o amor em filhos
Pedaços repartidos com humildade
Que seguem castrando a nossa vaidade
E angariando sobre esta água passageira
A vértice da verdade primeira